17 de mai. de 2013

Abre a janela, meu amor, abre a janela



Olá, pessoal!

"Abre a janela, meu amor, abre a janela
Abre a janela venha ver quem está aqui
É homem apaixonado que não consegue dormir!" 


Hoje de manhã, ouvi uma música sertaneja de raiz no rádio. Achei a letra tão bonita... E fiquei pensando como deveriam ser as declarações de amor, os namoros, as paqueras há 50 anos atrás.




Mais tarde, quando passava na casa da minha avó, resolvi perguntar-lhe sobre este assunto que tomava meu pensamento neste dia. Foi aí, que passei longas e agradáveis horas ouvindo minha vozinha contar:

"Para conhecer as pessoas tinha que ir às festas. Quando eu era solteira, namorava-se um pra lá e um pra cá, sem pegar na mão, nem beijar. Ao ir ao baile, tinham que se separar, neste caso, só se saía acompanhada do pai ou do irmão. Namoro somente em casa, e a mãe, de vez em quando, ia bater um papo com o namorado na sala.

Conheci seu avô na festa do Padroeiro em São João e  marcamos um encontro na Festa da Padroeira em Santa Luzia, no dia 02 de Julho de 1951. Conversamos sobre ele frequentar a minha casa, e a partir daí, começamos a namorar.

Os namoros eram curtos, média de dois anos. Trocávamos cartas e nos encontrávamos uma vez na semana. Sobre meu casamento, naquela noite, não tive lua de mel, não teve beijo nem abraço.”

Ainda interessado neste assunto, pesquisei com meu avô Pedro sobre as serenatas românticas daquele tempo. Ele disse que nunca fez uma para a  namorada (vovó Justina), mas quando ia aos bailes, era de costume a banda parar de tocar uma música enquanto dançavam com sua “boneca cobiçada”, para que eles cantassem seus próprios versos a fim de conquistar a moça.


As serenatas na janela eram uma forma de os cavaleiros conquistarem suas amadas, através de versos puros de amor e ternura, enchendo de encanto o coração das moças que ficavam apreciando a canção e a viola, admiradas e com os olhos úmidos como o vidro das janelas. 

Muitos violeiros, enternecidos e inspirados pelas serenatas, compuseram belas modas com este tema.



Minha serenata
Chico Rey e Paraná

“Nessa rua deserta e calma
No silêncio da madrugada, canto essa serenata para ti, oh minha amada
Não sei se estás dormindo, ou se estás acordada somente 

com meu violão ofereço-te essa canção nessa noite enluarada.

Acesse o link para acompanhar a letra completa (que por sinal, é linda!)


Além dos violeiros, Amado Batista também tem sua canção sobre SERENATA. 


A beleza e a poesia da Serenata é tão grandiosa que se tornou o nome de um dos bombons mais apreciados do mundo...
Serenata de Amor



E este mesmo serenata, é ainda hoje, uma das formas de aproximação dos casais enamorados, os quais, muitas vezes, iniciaram um romance pela web. Assim como as netas das vovós citadas acima...
Os namoros da atualidade permitem aproximação que diverge das décadas passadas, confirmado por Letícia Moreira, 17 anos, que destaca em seu relacionamento os passeios de carro,  as viagens para a praia, filmes juntinhos e outros momentos de lazer. Além disso, sua família consente com suas decisões em relação ao seu namoro.

E para terminar, uns versos de Adélia Prado:

A SERENATA
Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flautas no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
[...]
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?


Entrevistados (as) : Flausina Maretto Avanci (83 anos); Justina Fiorese Vinco (73 anos); Pedro Vinco (76 anos); Letícia Moreira (17 anos).

É isso, espero que tenham gostado!

Um abraço a todos,

José Helber Vinco
Ana Carolina Bonella
M4

       



5 comentários:

Joziane disse...

Namoros à moda antiga são pura poesia!

Anônimo disse...

essa m4 tá muito apaixonada, GZUIZ O_O

e sou completamente fascinado pelo modelo antigo de namoro - casar, e na mesma noite nem mesmo abraçar sua noiva/marido! Vê se pode isso hoje em dia?


Walter Stange, M4

Anônimo disse...

Geeeeeeeeeeeente o amor está no ar o/ É MUUUITO FOFO Zé *_* AMEEEI parabéns!


Isabella Azeredo

Anônimo disse...

Joziane, puramente poéticos e românticos!

Haha, realmente a M4 está inspirada e apaixonada.
Veja só, Walter, quando ouvi minha vó contar nem dava para acreditar mas é assim mesmo, as diferenças são enormes em relação à hoje em dia.

Obrigado Isabella *-*

José Helber, M4.

Anônimo disse...

Os namoros de antigamente me encantam! *-* Tudo acontece de uma forma tão calma e natural na maioria dos casos havendo o flerte, o encanto, troca de cartas... Coisas simples que nos dias de hoje quase não vemos mais!

O que me fez lembrar de uma frase que vi há um tempo atrás no Tumblr de uma amiga que dizia “A grande diferença entre as épocas, é que antigamente ficava-se namorando e agora namora-se ficando...”(Marcial Salaverry. :/

AMEI o post, Zé! Parabéns, lindeza!

Letícia Moreira; M4.