...o pessoal do Porta
dos Fundos subiu mais um vídeo para o Youtube.
Com uma produção em ritmo
frenético como a deles (são dois vídeos por semana), não é fácil acertar
sempre. Às vezes tenho a impressão de que alguns são postados apenas para cumprir
o protocolo. Mesmo que estes sejam bem mais ou menos, outros conseguem atingir
o nível que deixou o canal tão popular na rede, o que acaba compensando
qualquer vídeo-cocô.
Não vou falar sobre o Porta
e sobre a “revolução” no humor brasileiro que a internet promove e lengalenga-blábláblázzzZZZz (acho cafona),
mas só quero destacar a capacidade que eles têm de em determinados vídeos
conseguirem apresentar assuntos complexos de forma rápida, bem humorada e
certeira.
Em Crianças,
de modo exagerado e assustadoramente real, a medicalização na/da Educação é tratada
de forma tragicamente cômica. A calma quase apática dos pais em contraste com o desespero do
profissional da educação que só aumenta no decorrer da conversa é mesmo
hilária.
O final do vídeo poderia, perfeitamente, trazer a hashtag #UmBrindeÀVidaReal, porque, ó, é bem por aí mesmo.“O que que é educar? Eu acho que, no fim das contas, os educadores, os professores são os culpados, os reais culpados, que não acompanham a criançada de hoje em dia”. (DE ALUNO, Mãe)
Parece-me que a arte (e aqui
destaco aquela que explora o humor) atua, em muitos casos, como uma lente de
aumento para os fatos sociais, mostrado, quase esfregando nas nossas fuças, as coisas como são e
quem a gente realmente é, mas não quer admitir.
Pelos comentários no vídeo, percebi
que, infelizmente, as pessoas ainda insistem em permanecer nas camadas mais
superficiais da interpretação. Presas à última fala do esquete, esquecem o que,
para mim, mais importa. Para estes, um recado do menininho de “O Fabuloso Destino
de Amélie Poulain”:
...mas receio que eles não
entenderão essa também.