21 de abr. de 2012

Bullying ortográfico


Não é raro ouvir por aí que o brasileiro está escrevendo cada vez pior o seu idioma, principalmente em ambientes virtuais. Eu (enquanto brasileiro, professor de Língua Portuguesa and internauta) discordo. O caso é muito mais simples: nós não estamos escrevendo mais errado, estamos apenas escrevendo mais. E isso é muito bom!

Somos contemporâneos (e agentes) da revolução que, dentre outras consequências, trouxe, novamente, a escrita para a posição de destaque no palco da comunicação humana. Saímos da era da TV, período basicamente ágrafo no qual recebíamos passivamente, via sons da fala,  informações pré-pensadas e fabricadas pelos outros. E chegamos aos ambientes virtuais onde a todo momento precisamos ler, interpretar, elaborar e produzir textos escritos a fim de interagirmos socialmente.

Nessa nova realidade, surgiu um novo fenômeno: o bullying ortográfico. Que consiste em não perder a oportunidade de lançar uma grosseria em cima de alguém que cometeu algum desvio relativo à variedade culta da língua ou infringiu alguma regra da Gramática Normativa.

A Língua Portuguesa, assim como todos os outros idiomas, é muito complexa e eu prefiro pensar, e ajudar meus alunos a pensarem, que estamos todos em um constante aprendizado. Não me entenda mal, não estou jogando a Variedade Padrão na lixeira. Gosto quando apontam os "deslizes" que cometo e procuro ensinar quando tenho oportunidade (até porque este é o "papel social" que exerço em vários momentos do meu dia). Mas é importante dizer que para ensinar as regras gramaticais ninguém precisa humilhar ninguém.

Educação em primeiro lugar. Bullying (de espécie alguma) não tem nada haver a ver!